Memorabília da Casa do Azevedo / book
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Márcia Charnizon sobe a Serra da Moeda, chega a região do Azevedo e flagra típica morada vernacular brasileira , tomada na palpitação de seus habitantes, espaços, objetos e acontecimento. Volta mais vezes, lá projeta as imagens e torna a fotografar o ambiente, que se vê multiplicado em tempos e vivências, afetos e significações.
XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia
Narrativa literária e posfácio - Beatriz Magalhães
Desenho e narrativa gráfica - Guili Seara
Revisão e versão para o inglês - Rodrigo Seabra
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Márcia Charnizon goes up the Moeda range, reaches the region known as Azevedo and captures a typical vernacular brazilian dwelling, taken from the palpitation of its inhabitants, spaces, objects and ocurrences. She later returns, projects the images and again photographs the same setting, wich becomes manifold in terms of times and experiences affections and significations
XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia
Literary narrative and afterword - Beatriz Magalhães
Design and graphic narrative - Guili Seara
Proofreading and english version - Rodrigo Seabra
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Memorabilia da casa do Azevedo apresenta experimento fotográfico com o qual Márcia Charnizon, em aproximações delicadas e respeitosas, penetra essa prototípica morada vernacular brasileira, tomadas na palpitação de seus habitantes, espaços, objetos, acontecimentos. Depois da morte da mãe da família, Márcia continua a ver a filha e a fotografar.
Sua tarefa não para por aí; vai devolvendo ao ambiente as imagens obtidas que, projetadas pela casa e outra vez fotografadas, propiciam, em retroalimentação, oportunidades de compreensão e elaboração.
Opondo-se ao modo invasivo do meio televisivo, que despeja imagens alienadas e alienantes deixando pouco ou nada de positivo, o experimento movimenta o acúmulo de tempos e memórias, promove o trânsito do visível e do invisível, do dito e do não dito, do consciente e do não consciente, preenche lacunas, restaura o esquecido, revela o não sabido.
Instaura responsivo modo de alteração da percepção e da sua interpretação, que não teme a repetição, antes a elege, talmudica. Essa dinâmica “mise-en-abîme“ provoca o turbilhonamento da realidade e enseja o entendimento do meio, o conhecimento próprio, o fortalecimento da identidade, o crescimento da autoestima, afetando tanto observadora quanto observada.
O experimento de luz e transparência a tudo envolve e revolve, e se resolve em estética de alta voltagem. Ao extrair da alma o ato, do ato a forma, tange os mistérios do imaginário e do sublime sem perder a pulsação do vivido e do prosaico. Há nova tonalidade no mundo, com o poder mágico de ser reativada, compartilhada, difundida, abrigada sob pequena e grandiosa palavra:
arte
Beatriz Magalhães
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Memorabilia da casa Azevedo presents the photographic experiment by which Marcia Charnizon, in respectful and delicate approaches, penetrates this prototypical Brazilian vernacular dwelling, taking from the palpitation of its inhabitants, spaces, objects , occurrences. After the death of the family`s mother, Marcia continues to see the daughter and to photograph.
Her job does not end there. The images taken are returned to the environment by being projected around the house and once again photographed, providing, by means of a feedback, opportunities for comprehension and elaboration.
By opposing itself to the invasive ways of television, which pou8rs alienated and alienating images leaving little or nothing positive, the experiment stirs the accumulation of times and memories, promotes the flow of visible and invisible, of said and unsaid, of conscious and unconscious, fills gaps, restores the forgotten, reveals the unknown.
It establishes a responsive way of alternation, of perception and its interpretation, that does not fear repetition and rather opts for it talmudicallly. This “mise-en-abîme“ dynamics brings about a maelstrom in reality and gives rise to the realization of the surroundings, to self-knowledge, to the strengthening of identity, to the growth of self-esteem, thus affecting both observer and observed.
The experiment of light and transparency embraces and displaces it all, and resolves itself as a high-voltage aesthetic. When it extracts from the soul the act, from the act the shape, it brushes with the mysteries of the imaginary and the sublime without ever losing the pulse of the liver and the prosaic. There is a new totally in the world, with the magic power of being reactivated, shared diffused, sheltered under a short and magnificent word:
art
Beatriz Magalhães