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Dentro do manguezal poético do escritor português Luis Serguilha, crio as imagens para as avalanches do primeiro volume da sua Obra Poética.
Serguilha é criador da Estética do Laharsismo.
Veja o vídeo para conhecer sobre essas correntezas - https://youtu.be/EThvUg6XJa8
"Quando um POVOAMENTO de sensações de uma visão-fotográfica de Márcia Charnizon invade criativamente uma LÍNGUA delirante, acontecem matérias luminosas invertidas, mutações das saídas pulmonares e falhas sopradas pelos espaços de uma desaparição inacessível, mas que faz irradiar musicalidades delicadamente cruéis e afectivas, porque seus opérculos experimentaram a desmedida lucidez da inquietação do real: em cada rasgadura da boca, uma língua estranha renasce com respiramentos de distâncias intrusivas e uma voz cravada nas reeentrâncias, quase inumanas, expira e se esbulha de sede através de muitas vozes que se adentram simultaneamente nas imagens desconhecidas das FALAS que se estraçalham no indefinido, deslocando os sons múltiplos das palavras por vir até ao silêncio entremeado de um instante enlouquecido pelas matérias musicadas entre gestos animalizantes esculpidores do improvável, da vidência e do infinito: uma voz desvia-se da sua própria fala com suspenses tensionados a fenderem a língua, uma voz foge desabaladamente da anatomia da boca e o corpo torna-se um enervamento imprevisível, um dicionário analfabeto, uma partitura acósmica do tempo: dizem que há uma tremenda mancha sanguínea a envolver e a cerzir a carne intrusiva, vulvar, na superfície extrema da voz que desconhece o olhante de um grito silencioso dentro da LÍNGUA inesgotável e escarificada de Santa Tereza de Cepeda e Ahumada de Ávila, onde uma dobra barrocamente se deriva, se demove e se rapta contra a perseguição do tempo dos mosaicos insanos de Sóror Juana Inés de la Cruz, que morre e renasce incessantemente por meio da ARDÊNCIA verbal-infinitiva do chamamento de um Deus inomeável."
Luis Serguilha